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Geral 13/06/2025 11:03
Por: Arthur Mallmann

Troca-Troca das Sementes Crioulas volta a ser realizado 3t3z6q

24ª edição do evento, realizado na quarta, 11, no Salão Paroquial, teve como o lema “Novas sementes, sinais de esperança”

Nem mesmo o frio de 4°C na manhã de quarta, 11, desanimou quem participou do evento do Troca-Troca de Sementes Crioulas. Após não ter sido realizado em 2024 em razão da enchente, a 24ª edição do evento ocorreu em um contexto no qual, além de sementes, também foram compartilhados relatos de reconstrução.

Organizado pela Comissão Pastoral da Terra (T), Emater-RS/Ascar, Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Pesca, através do Departamento do Meio Ambiente, com apoio do Sicredi, o Troca-Troca deste ano teve como lema “Novas sementes, sinais de esperança”. No início da manhã, os 22 grupos que participaram da mostra de mudas e sementes montaram seus estandes e, na sequência, desfrutaram de um farto café da manhã com alimentos da agricultura familiar. 

Na sequência, foi composta uma mesa de abertura com as autoridades presentes. Na oportunidade, o vice-prefeito Cristiano Becker destacou a esperança. “Não temos borracha para apagar o ado, mas sempre podemos construir um novo futuro”. O secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Pesca, Celso Gehres, ressaltou a importância da juventude. “Participo deste evento há 12 anos. E, cada vez mais, vejo o quão fundamental é a presença de jovens para a produção de alimentos e à preservação do meio ambiente”. A presidente da Câmara, Jaira Diehl, enfatizou a agricultura familiar. “É preciso sempre fomentar este setor, sobretudo através desse tesouro que cada um desses grupos tem, que são as sementes crioulas”, concluiu. 

Após a abertura, o evento seguiu com uma mística, música e a palestra “Cultivar sementes crioulas para esperançar e cuidar da saúde de todos”, proferida pelo pesquisador Andrei Thomaz Oss-Emer. E, claro, momentos marcantes de partilha e troca de saberes entre as guardiãs das sementes crioulas ao longo do dia. 

Segundo o Padre José Carlos Stoffel, o evento representa o resgate de uma agricultura permeada de vida. “A partir das sementes crioulas, pautamos a revitalização da agricultura familiar, a defesa da pequena propriedade, a defesa da comida boa na mesa. Nesse sentido, o evento também é uma forma de valorizar, especialmente, as nossas mulheres do campo, as guardiãs das sementes crioulas”, afirmou. 


Grupos de mulheres são a alma do evento

Aos 78 anos, dona Valéria Beatriz Schuck não cogitou faltar ao reencontro com o Troca-Troca. Moradora da Linha do Rio — uma das localidades mais afetadas pela enchente de 2024 — ela era a participante mais experiente do grupo Família Correta. “Frequento o grupo há 56 anos. Sou uma das fundadoras e a pessoa que está há mais tempo”, contou, com orgulho.

Ao lado das colegas, Valéria expunha uma mesa repleta de diversidade: amendoins, feijões, milhos e mudas das mais variadas plantas. Diante de um cenário de perdas e incertezas no último ano, o grupo se fortalece ao cultivar, juntas, sementes e esperança.

Dona Valéria (à esquerda) com suas colegas da Família Correta (Foto: Arthur Lersch Mallmann | Folha de Candelária)